quarta-feira, 25 de julho de 2007

À procura do candidato perfeito

Empresas disputam profissionais nota 10, capazes de cumprir as tarefas melhor que os outros. Lealdade, paixão pela ação e pelas mudanças e alto nível de confiança são algumas competências que as empresas exigem dos seus candidatos e, ao mesmo tempo, procuram potencializar nos seus empregados. O profissional, por outro lado, prefere ser julgado pelos seus resultados.

Os profissionais que exibem vários títulos acadêmicos e de masters das melhores escolas de administração já não são os mais desejados pelas empresas. Os conhecimentos estão abrindo caminho aos talentos e às competências, valores que as companhias tentam detectar em seus candidatos com um objetivo: aumentar a produtividade e melhorar os resultados do negócio.

Mas, afinal, o que são competências? Trata-se de um padrão de conduta relacionado com o rendimento superior em um posto e organização. A consultoria de recursos humanos Hay Selección enumera algumas dessas qualidades em um estudo. As empresas querem pessoas sem medo de mudanças, voltadas aos resultados, com iniciativa e afã de superação. Em resumo, procuram o candidato 10, capaz de fazer o seu trabalho melhor que os demais. E não é para menos: segundo este relatório, o desenvolvimento dessas competências determina diferenças de rendimento entre os profissionais que variam de 50% a 150%, dependendo da complexidade do posto.

As companhias disputam estes perfis brilhantes. Mas como identificar essas competências e acertar na seleção? As organizações estão preparadas para desenvolver essas habilidades em seus empregados? Para Lionel Terral, diretor geral da Hay Selección, não existe um perfil único. "O talento depende do ambiente, da empresa e da atividade. Por exemplo, um analista financeiro não precisa das mesmas competências que um diretor de recursos humanos", diz.

Por essas razões, Almudena Corral, diretora de qualidade e de processos da consultoria, considera que é um erro pedir as mesmas competências a um perfil júnior que as de um perfil de empregado de alto escalão. "Como se pode exigir orientação para o cliente de funcionário recentemente nomeado, que nunca enfrentou esta situação? O que é preciso detectar são habilidades como, a sua capacidade de causar impacto".

Corral diz que a melhor maneira de detectar isso é por meio da simulação, "do que através do que se denomina centro de avaliação, onde o profissional enfrenta situações para avaliar as suas competências e desenvolver o que a organização deseja".

Emilio Solís, diretor geral- adjunto da Hay Selección, diz que metodologias como esta são importantes para acertar. Mas faz uma ressalva. "As empresas também têm de dar a sua contribuição para isso e serem capazes de retribuir adequadamente aos candidatos que possuem essas competências."

Corral afirma que as organizações estão valorizando essas habilidades entre o quadro de funcionários, demonstrando especial interesse ao seu desenvolvimento por meio da avaliação e treinamento, trabalhos que envolvem seus comandos. Já Terral acrescenta que, neste sentido, o departamento de recursos humanos está se transformando em seu assessor.

A questão que se coloca é se a empresa - e, concretamente, a alta direção - está preparada para assumir a gestão de pessoas considerando as suas competências e as suas capacidades. Terral considera isso cada vez mais relevante. No entanto, Corral ressalta a importância de se escolher os executivos com cuidado, especialmente quando se recruta profissionais com essas competências entre os seus competidores. "Isso nem sempre funciona, porque o ambiente empresarial varia. É preciso atrair talentos, não roubá-los".

Gazeta Mercantil, Vida Executiva, Montse Mateos, 25/07/2007

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