sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Os escritórios estão com os dias contados

O trabalho a distância se relaciona com o bem-estar e a conciliação da vida familiar dos funcionários. Mas o que há por trás desse tipo de trabalho? Quem se beneficia mais com ele, o trabalhador ou a empresa? As vantagens para as companhias são claras: aumento da produtividade, diminuição dos custos e melhoria da satisfação do cliente. Mas vamos aprofundar o tema.

Imagine por um instante que seu centro de trabalho está na sala de sua casa. A economia de tempo em deslocamentos, uma maior capacidade para poder compatibilizar a vida familiar e o trabalho, ou a redução de uma série de custos fixos tanto para o trabalhador quanto para as empresas, são algumas das vantagens proporcionadas pela opção do chamado teletrabalho.

O avanço das novas tecnologias, especialmente a expansão da banda larga na internet, permitiu que muitas empresas oferecessem a seus empregados a possibilidade de trabalhar em tempo integral ou parcial em sua própria casa.

Mas o que há por trás desse tipo de trabalho? Quem mais se beneficia com ele, o trabalhador ou a empresa? As vantagens para as companhias com os teletrabalhadores móveis se resumem em três pontos: aumento de produtividade, diminuição dos custos e melhoria da satisfação do cliente.

Custos - "Existem muitos fatores que nos levam a pensar que são as companhias as que mais podem tirar partido desde modelo laboral", afirma Ignasi Buyreu, diretor da área de Capital Humano da Mercer. Para ele, o que primeiro vem à cabeça ao falar de modelos flexíveis de trabalho é a economia de custos que representa para as empresas. "Com uma linha direta você sabe que um funcionário pode estar ligado ao posto de trabalho constantemente e, além disso, pode estar em contato não só com as pessoas de seu escritório, mas com pessoas em outros países, a milhares de quilômetros de distância. Em suma, rompem-se as barreiras do espaço."

A empresa de trabalho temporário Randstad concorda com esse raciocínio: "O retorno do investimento é evidente quando se fala em teletrabalho, pois pode ser constatado de imediato, enquanto se reduzem os metros quadrados que é preciso pagar mensalmente pelo escritório", afirma um representante da companhia, que não se identificou.

"O problema na Espanha é que não foram feitos estudos econômicos suficientes sobre as conseqüências desse tipo de modelo flexível para as empresas", diz Fernando Rodríguez, diretor-geral da Citrix na Espanha. Calcula-se que cada posto de trabalho custa entre € 4 mil e € 6 mil ao ano para as companhias. Além disso, existem outras vantagens, mais difíceis de quantificar, como, por exemplo, a capacidade de responder imediatamente a um correio eletrônico de um cliente ou poder avisar a qualquer momento a respeito de um incidente ocorrido na empresa.

Satisfação - Do ponto de vista social, a perspectiva é diferente. Para Ignasi Buyreu, o fundamental é que, com essa opção, se permite compatibilizar a vida profissional com a familiar, o que beneficia, principalmente, as mulheres. "Com isso elas podem flexibilizar o tempo, se organizando e dar prioridade ao que precisam fazer, com o que exige sua produtividade", afirma Buyreu.

Apesar disso, as empresas devem ter claros os limites do trabalho a distância, para que este não chegue a invadir a vida particular, nem muito tempo livre das pessoas.

"As opções do teletrabalho são variadas, em função do tipo de empresa e da situação individual de cada trabalhador. No fundo, o indispensável é que cada funcionário tenha a sua disposição as aplicações necessárias para poder trabalhar quando precisar, esteja onde estiver", comenta Rodríguez, da Citrix.

Produtividade - Segundo um estudo recente elaborado pela empresa de consultoria independente IDC, com esse tipo de trabalho, os funcionários aumentam sua produtividade entre 10% e 30%. Além disso, a flexibilidade laboral é um fator fundamental para atrair talentos para a companhia. "Afinal você dispõe de acesso remoto aos programas de informática empregados diariamente em um escritório", reconhece Rodríguez. Ele próprio trabalha há sete anos a distância durante a maior parte do dia. "Para nós é possível porque nosso sistema está centralizado desde os Estados Unidos", explica.

Dificuldades -. Nem tudo é fácil no teletrabalho. Por um lado, as companhias precisam adotar uma política de comunicação interna muito definida, para evitar que os trabalhadores que passam mais tempo fora do escritório do que nele se sintam alheios à empresa. Por outro lado, o trabalho a distância exige um grande compromisso e responsabilidade de quem o utiliza.

Atualmente, segundo o informe da IDC, 10% das empresas européias contam com planos de mobilidade destinados a facilitar o uso das novas tecnologias para que os empregados possam trabalhar fora de seu posto e melhorar o rendimento empresarial. Em geral, tratam-se de iniciativas incipientes, que se limitam a facilitar a consulta do correio eletrônico mediante os novos celulares ou de agendas eletrônicas.

Na Espanha, o número de funcionários com esse tipo de flexibilidade é muito inferior ao de outros países com um nível de riqueza semelhante. A causa principal está no fato de que a rede empresarial espanhola está formada em sua maior parte por pequenas empresas, mais resistentes a investir nas tecnologias de comunicação necessárias para permitir o teletrabalho. "O mais comum é que os trabalhadores contem em seu computador portátil com os dois ou três programas mais utilizados em um escritório, além de acesso ao correio eletrônico e uma poucas aplicações de ofimática (ambiente de negócios inteligentes)", diz Rodríguez.

Segundo uma pesquisa internacional elaborada pela empresa de consultoria Forrester, os maiores obstáculos empresariais para confiar nesses instrumentos são os problemas de segurança na informação (35%), os custos (19%) e a desconfiança quanto à confiabilidade do funcionamento (16%).

Todas as previsões dos especialistas apontam para a progressiva introdução de terminais sem fios e para a implantação paulatina de uma rede de acesso de alta velocidade para acelerar o desenvolvimento das empresas. A IDC, por exemplo, avalia que os empregados com dispositivos móveis que lhes permitam realizar tarefas fora de seus postos de trabalho habituais passarão de 650 milhões, em 2004, para mais de 850 milhões em 2009, o que representa 25% da força de trabalho mundial.

Apesar disto, a IDC assinala que não haverá uma penetração maciça nas empresas enquanto os fabricantes, provedores e integradores de sistemas não assumirem mais riscos e os suportes financeiros sejam facilmente proporcionais em favor da mobilidade. "Com mais de 3,3 milhões de computadores portáteis à espera de serem embarcados para fins comerciais para a região, para 2008, acompanhados por outros 5,5 milhões de telefones inteligentes, o ambiente do escritório está desaparecendo com a passagem do tempo", afirma a empresa de consultoria em seu informe.

Gazeta Mercantil/Vida Executiva - 22/02/2008

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

PACIÊNCIA

Arnaldo Jabor

Ah! Se vendessem paciência nas farmácias e supermercados...
Muita gente iria gastar boa parte do salário nessa mercadoria
tão rara hoje em dia..
Por muito pouco a madame que parece uma 'lady' solta palavrões
e berros que lembram as antigas 'trabalhadoras do cais'...

E o bem comportado executivo?
O 'cavalheiro' se transforma numa 'besta selvagem' no trânsito
que ele mesmo ajuda a tumultuar...

Os filhos atrapalham, os idosos incomodam, a voz da vizinha é um tormento,
o jeito do chefe é demais para sua cabeça,
a esposa virou uma chata,
o marido uma 'mala sem alça'.
Aquela velha amiga uma 'alça sem mala',
o emprego uma tortura, a escola uma chatice.
O cinema se arrasta, o teatro nem pensar, até o passeio virou novela.

Outro dia, vi um jovem reclamando que o banco dele pela internet estava
demorando a dar o saldo, eu me lembrei da fila dos bancos e
balancei a cabeça, inconformado...

Vi uma moça abrindo um e-mail com um texto maravilhoso e
ela deletou sem sequer ler o título,
dizendo que era longo demais.

Pobres de nós, meninos e meninas sem paciência,
sem tempo para a vida, sem tempo para Deus.

A paciência está em falta no mercado, e pelo jeito,
a paciência sintética dos calmantes está cada vez mais em alta.

Pergunte para alguém, que você saiba que é 'ansioso demais'
onde ele quer chegar?
Qual é a finalidade de sua vida?
Surpreenda-se com a falta de metas, com o vago de sua resposta.
E você? Onde você quer chegar?
Está correndo tanto para quê? Por quem? Seu coração vai agüentar?
Se você morrer hoje de infarto agudo do miocárdio o mundo vai parar?
A empresa que você trabalha vai acabar?
As pessoas que você ama vão parar?
Será que você conseguiu ler até aqui?

Respire... Acalme-se...

O mundo está apenas na sua primeira volta e, com certeza, no final do dia vai completar o seu giro ao redor do sol, com ou sem a sua paciência...