sexta-feira, 27 de julho de 2007

Empresas juniores cultivam liderança
Pioneiras no País atingem maioridade e ajudam a forjar os administradores do futuro. Há quase duas décadas, os estudantes de várias universidades brasileiras contam com uma oportunidade diferenciada para obter a desejável "experiência" exigida nos anúncios de emprego. Mais do que uma possibilidade de atuar nas áreas onde estão se especializando, as empresas juniores oferecem aos universitários a vivência prática em funções de liderança.
Assim, em vez de apenas bacharéis, eles saem como verdadeiros executivos, com prática em funções gerenciais. "Quando uma empresa contrata os serviços de uma júnior, colabora diretamente com a comunidade acadêmica, pois possibilita o contato dos alunos com a realidade empresarial, além de propiciar um laboratório prático para a formação profissional", diz o professor José Carlos Borsoi, um dos fundadores da Escola Júnior da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), na época em que ainda era estudante, nos final da década de 80.
Criada em 12 de junho de 1989, a Júnior da Faap foi uma das primeiras no País a seguir o modelo francês de empresa universitária. "Na época, havia muita desconfiança em relação à possibilidade de estudantes realizarem o trabalho de profissionais. Mas conseguimos superar isso", lembra Borsoi.
A exemplo da organização ligada à Faap, várias outras já completaram ou estão em vias de alcançar a maioridade no País, tais como as empresas juniores da Fundação Getúlio Vargas, fundada em 1988, e da Universidade Federal da Bahia (UFBA), criada há 18 anos, em Salvador. "O fato de estar em uma empresa júnior garante não só um diferencial no currículo, como também um conhecimento prático sobre aspectos como postura e relacionamento com o cliente", diz Lilian Fernandes, 22 anos, há dois anos e quatro meses na Empresa Júnior da UFBA.
Segundo Liliane, as experiências vividas em uma empresa júnior são determinantes para a escolha do caminho a ser seguido pelo estudante depois de formado. "A passagem pela organização me ajudou a definir o que vou seguir na carreira: pretendo atuar na área financeira."
Para Marcus Vinícius Escarlate, 22 anos, recém-formado em Administração de Empresas e presidente da Escola Júnior da Faap até o próximo dia 30, a passagem pela organização foi fundamental para a carreira que está iniciando. "A gente aprende a se conhecer, por meio do feedback e das avaliações que temos. Aqui, vivenciamos muitas situações diferentes e percebemos as necessidades do mercado. A experiência é a mesma que se obtém em uma empresa, só que em alguns momentos temos o auxílio dos professores."
Escarlate permaneceu cerca de dois anos na instituição - quase um ano e meio na área de projetos, além de oito meses como presidente. Neste período, diz ter aprendido um pouco de cada área de atuação. "O aprendizado não parou nunca, até hoje. Acho que, se eu continuasse por mais tempo, continuaria aprendendo", acredita o administrador de empresas.
Segundo ele, a passagem pela Escola Júnior tem sido fundamental para a entrada dos estudantes da Faap no mercado de trabalho. Hoje, há profissionais egressos da Empresa Júnior da Faap em organizações como DuPont, Citibank e Siemens e Microsiga. "Não conheço ninguém que tenha tentado obter emprego e não tenha conseguido", afirma.
Formado em Administração de Empresas em 1993, Fernando Yarussi passou cerca de três anos na Empresa Júnior da Faap, de 1990 ao ano de graduação. Hoje, ocupa o cargo de gerente de administração comercial da divisão de automação e drives da Siemens. "A passagem por uma empresa júnior pode não ser decisiva para a contratação, mas é uma experiência bastante enriquecedora e certamente um diferencial que agrega valor ao currículo", comenta o executivo.
A partir do conhecimento teórico, oferecido nas salas de aula, somado à prática profissional, as empresas juniores prestam serviços a pequenas, médias e grandes empresas, auxiliando-as no desenvolvimento de diversos projetos. No caso da Faap, entre as principais tarefas desempenhadas estão pesquisas de mercado, análises de produtos e desenvolvimento de logotipos, entre outros.
Por ano, a Júnior da Faap desenvolve de 12 a 14 projetos, em média. Por se tratar de associação civil sem fins lucrativos, os preços são até 70% abaixo do mercado externo. Entre os clientes atendidos estão Kia Motors, Infraero, Pirelli, Livraria Atlas, Quality Food e a própria Faap.
Para atuar na Escola Júnior, os estudantes participam de processo seletivo, conduzido pelos próprios membros da organização, com o auxílio de uma consultoria em RH, em um período que pode se estender por até duas semanas. Em média, 200 estudantes tentam ingresso por ano na Júnior da Faap. Destes, apenas de 20 a 22 são aprovados por semestre. O período de permanência varia de seis meses a um ano e meio, em média.
kicker: Em vez de apenas bacharéis, estudantes universitários saemda organização com experiência prática econhecimento gerencial
Gazeta Mercantil, Vida Executiva, Marcelo Monteiro, 27/07/2007

 

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