sexta-feira, 1 de junho de 2007

Surpreenda pelos resultados

Que o líder precisa ter uma visão do futuro, indicar o rumo e estabelecer metas e objetivos a serem alcançados por sua equipe, não é nenhuma novidade. O que nem todos têm certeza é de "como" obter os resultados desejados.

Muitos ainda acreditam que liderança é sinônimo de estratégia. Por isso, sempre associamos a figura do líder a sua competência como visionário. Aquele que vê o que os outros não percebem. Análises superficiais de grandes personagens históricos - Alexandre, o Grande, Napoleão, Churchill, De Gaule, Roosevelt, Mandela, Juscelino - reforçaram essa forma de pensar sobre o papel do líder.

Definir a estratégia é, sem dúvida, uma das importantes tarefas do líder. Mas não é mais suficiente. Executar a estratégia tornou-se tão ou mais importante que simplesmente concebê-la. O cemitério corporativo está cheio de empresas com estratégias mirabolantes que nunca conseguiram ser implementadas.

Países, estados e municípios permanecem esperando a concretização de promessas políticas e de planos que nunca saem do papel. Fazer acontecer, em vez de apenas planejar, é o mantra dos líderes competentes. Sempre foi assim. Basta olhar mais profundamente para a causa do sucesso dos personagens históricos já citados. Foram grandes líderes pelo que realizaram, não apenas por terem tido uma visão privilegiada.

Conheço vários líderes, brilhantes, que se satisfazem com a idéia genial, com "o que" precisa ser feito. Mas que não são tão felizes em escolher "o como" da equação. Não conseguem, nem mesmo em si próprios, o grau de determinação e perseverança para perseguir as etapas necessárias. Têm dificuldade em motivar os outros a somar esforços na mesma direção. Não sabem mobilizar parceiros em torno de sua causa. Têm prazer na apresentação de idéias mas dificuldade com a ação. Para complicar mais ainda as coisas, mal conseguem definir o que parece ser uma estratégia vencedora — já pulam para outra idéia visando uma nova oportunidade. Falta, muitas vezes, foco.

É preciso uma noção mais pragmática e menos idealista sobre o papel do líder do futuro. "Precisamos de mais 'acabativa' e de menos iniciativa", um dia desabafou meu amigo Cássio Matos, à época presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH).

O líder do futuro não será aquele que apenas chega aonde anunciou que chegaria. Não bastará cumprir metas. Será aquele que fará mais do que o combinado, surpreenderá pelos resultados que conseguir transformar em realidade. O líder do futuro consegue obter resultados incomuns de pessoas comuns. Surpreende, superando sempre o esperado. Em vez de simplesmente dar ordens e cobrar rendimento, incentiva cada um a fazer o seu melhor, porque dá o seu melhor.

Não espera acontecer. Cria as oportunidades. Estimula o senso de urgência, não deixa as coisas para amanhã. Sabe que a equipe só se beneficia da diversidade dos talentos se houver complementaridade. Incentiva parcerias, apóia iniciativas. Prioriza o que a equipe precisa, não apenas o que desejam seus integrantes. Consegue o grau de compromisso e disciplina necessários para realizar sonhos definidos em conjunto, não apenas satisfações imediatistas. Celebra os sucessos e as pequenas vitórias. Distribui parte dos resultados gerados, em retribuição à comunidade.

Avalia desempenho, dá oportunidade, mas sabe detectar aqueles que são improdutivos. Não fica acumulando pendências nem vive cercado de pessoas acomodadas ou pessimistas. Consegue equilibrar a busca do sucesso profissional com suas necessidades pessoais, familiares, espirituais.

O líder do futuro sabe compatibilizar as pressões da sobrevivência de curto prazo com as necessidades de longo prazo. O hoje com o amanhã. Cuida do presente enquanto cria o futuro.

Gazeta Mercantil, Vida Executiva, César Souza, 29/05/2005

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