terça-feira, 24 de abril de 2007

De Mãe para mãe

De mãe para mãe...
"Hoje vi seu enérgico protesto diante das câmeras de televisão contra a
transferência do seu filho, menor infrator, das dependências da FEBEM em
São Paulo para outra dependência da FEBEM no interior do Estado. Vi você
se queixando da distância que agora a separa do seu filho, das dificuldades
e das despesas que passou a ter para visitá-lo, bem como de outros
inconvenientes decorrentes daquela transferência. Vi também toda a
cobertura que a mídia deu para o fato, assim como vi que não só você,
mas igualmente outras mães na mesma situação, contam com o apoio de
comissões, pastorais, órgãos e entidades de defesa de direitos humanos.
Eu também sou mãe e, assim, bem posso compreender o seu protesto.
Quero com ele fazer coro. Enorme é a distância que me separa do meu filho.
Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e as despesas
que tenho para visitá-lo. Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos
domingos porque labuto, inclusive aos sábados, para auxiliar no sustento e
educação do resto da família. Felizmente conto com o meu inseparável
companheiro, que desempenha, para mim, importante papel de amigo e
conselheiro espiritual. Se você ainda não sabe, sou a mãe daquele jovem
que o seu filho matou estupidamente num assalto a uma videolocadora, onde
ele, meu filho, trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite.
No próximo domingo, quando você estiver se abraçando, beijando e fazendo
carícias no seu filho, eu estarei visitando o meu e depositando flores no
seu humilde túmulo, num cemitério da periferia de São Paulo...
Ah! Ia me esquecendo: e também ganhando pouco e sustentando a casa, pode
ficar tranquila, viu? Que eu estarei pagando de novo, o colchão que seu
querido filho queimou lá na última rebelião da Febem, tá?

Circule este manifesto! Talvez a gente consiga acabar com esta inversão de
valores que assola o Brasil quando se discute "Direitos Humanos"

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