terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

PACIÊNCIA

Arnaldo Jabor

Ah! Se vendessem paciência nas farmácias e supermercados...
Muita gente iria gastar boa parte do salário nessa mercadoria
tão rara hoje em dia..
Por muito pouco a madame que parece uma 'lady' solta palavrões
e berros que lembram as antigas 'trabalhadoras do cais'...

E o bem comportado executivo?
O 'cavalheiro' se transforma numa 'besta selvagem' no trânsito
que ele mesmo ajuda a tumultuar...

Os filhos atrapalham, os idosos incomodam, a voz da vizinha é um tormento,
o jeito do chefe é demais para sua cabeça,
a esposa virou uma chata,
o marido uma 'mala sem alça'.
Aquela velha amiga uma 'alça sem mala',
o emprego uma tortura, a escola uma chatice.
O cinema se arrasta, o teatro nem pensar, até o passeio virou novela.

Outro dia, vi um jovem reclamando que o banco dele pela internet estava
demorando a dar o saldo, eu me lembrei da fila dos bancos e
balancei a cabeça, inconformado...

Vi uma moça abrindo um e-mail com um texto maravilhoso e
ela deletou sem sequer ler o título,
dizendo que era longo demais.

Pobres de nós, meninos e meninas sem paciência,
sem tempo para a vida, sem tempo para Deus.

A paciência está em falta no mercado, e pelo jeito,
a paciência sintética dos calmantes está cada vez mais em alta.

Pergunte para alguém, que você saiba que é 'ansioso demais'
onde ele quer chegar?
Qual é a finalidade de sua vida?
Surpreenda-se com a falta de metas, com o vago de sua resposta.
E você? Onde você quer chegar?
Está correndo tanto para quê? Por quem? Seu coração vai agüentar?
Se você morrer hoje de infarto agudo do miocárdio o mundo vai parar?
A empresa que você trabalha vai acabar?
As pessoas que você ama vão parar?
Será que você conseguiu ler até aqui?

Respire... Acalme-se...

O mundo está apenas na sua primeira volta e, com certeza, no final do dia vai completar o seu giro ao redor do sol, com ou sem a sua paciência...

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